Nesta quinta-feira (08), estreia oficialmente em todo o Brasil o documentário, sobre a vida do Poeta, jornalista e letrista, Torquato Neto, Todas as Horas do Fim. Com direção de Eduardo Ades e Marcus Fernando, o filme que foi produzido em 2017 e tem duração de 88 minutos, foi selecionado também para o festival Cinélatino Rencontres de Toulouse, na França.
A equipe responsável pela produção do documentário teve uma difícil tarefa. A escassez de material sobre o artista é notável na produção. Por exemplo, há apenas uma entrevista sua gravada, encontrada agora pela produção do filme. A solução dos documentaristas passou pela pesquisa de fotos e pelo uso de textos de Torquato lidos pelo ator Jesuíta Barbosa em off. Mas a grande achado da estrutura é o uso de cenas de 40 obras do Cinema Novo e do Cinema Marginal e outros experimentalismos visuais do período, um recurso que apareceu quando “Todas as horas do fim” já estava sendo montado.
Mas a vocação principal de Torquato fica bem clara no documentário: a escrita. Nasceu em 1944, filho de professora e defensor público, em Teresina. O poeta Torquato nascera cedo. O primeiro texto apresentado do artista fora escrito quando ainda com 9 anos. “Meu nome é Torquato/ O de meu pai é Heli/ O de minha mãe é Salomé/ O resto vem por aí.”.
Estão lá a infância do poeta, a relação conflituosa com a mãe, sua aproximação e seu distanciamento dos tropicalistas, a paixão pela mulher Ana Duarte, o envolvimento com o cinema, a porção paterna, o humor triste (e a tristeza com humor) que atravessava sua poética, o diálogo com Hélio Oiticia, a coluna “Geleia geral” no jornal “Última Hora”, a passagem pelo manicômio — tudo permeado pela energia produtora de quem está muito vivo (“Só quero saber do que pode dar certo”) e pela ideia da morte como uma sombra constante (“Não tenho tempo a perder”), o inevitável “vem por aí”, antecipado por um suicídio, aos 28 anos.
“O Torquato é uma figura muito obscura e importante da cultura brasileira. Ele produziu tanto em tão pouco tempo, e as pessoas não o conhecem. Sua poesia nunca foi publicada em vida, por exemplo. Seu trabalho como letrista, apesar de ter feito diversas músicas conhecidas, muitas vezes não é ligado a ele. É um artista que merece ser reconhecido e revelado”, diz o produtor musical Marcus Fernando, que assina a direção do longa com Eduardo Ades.
Torquato deixou muitas músicas gravadas por grandes nomes tropicalistas, como Gilberto Gil, Jards Macalé, Caetano Veloso e Tom Zé, além de Luiz Melodia, Sérgio Britto, Edu Lobo, Geraldo Azevedo, Geraldo Vandré, entre outros. Caetano dedica sua música Cajuína ao velho amigo. Além disso, toda a obra jornalística enquanto trabalhou no periódico Última Hora, onde cultivou uma coluna intitulada “Geleia Geral”.
Confira o trailer:
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