Fico horas a fio contemplando o voo dos urubus – quanta elegância, quanta beleza. Nunca vi tamanha facilidade para planar e desenhar peripécias no picadeiro do circo de um horizonte fabuloso(são projetos divinos).
Eles saem planando nas correntes de ar como se estivessem andando de roda gigante, gangorra ou de tobogã. Assim, como o João-de-Barro, trazem um software de última geração. São acrobatas exímios, que têm como lona um céu azul e branco, sem limite.
Eles não têm ruas, nem semáforos, nem guarda de trânsito, nem carta de habilitação e não se registra acidente entre os mesmos. Não deixam pegadas e, no entanto, não se perdem. Não são orientados por GPS, e, muito menos, por bússolas e jamais estudaram cartografia.
O que mais me causa espécie, é, que eles, quase não batem asas, e, sempre, nos passam uma leveza. Não deixam transparecer que estão desprendendo um pingo de esforço.
Vão ao zênite e despencam numa velocidade estonteante. Parece que os caras vão se esborrachar no chão. Colam as asas junto ao corpo e com o bico rasgam o véu do vento, com a fúria suicida de um Kamikaz.
Discussion about this post