Só sei filosofar através das petecas. Não manjo de multinacionais. Muito menos de agronegócio. Direito Internacional, tô fora. Meus temas são de pouca monta. Eles não abarcam a Europa. Nem a Ásia. Nem a Oceania. São motes relés. Porém das válvulas do cardíaco. Paris – cidade luz. Gosto mesmo é deste sol inclemente da Chapada do Corisco. Não conheço Nova Iorque, nem pretendo conhecê-la. Que me perdoem os yangues. Gosto é de Lagoa do Piauí – despois de Morrinhos 10km.
Perdoem-me, mas não entendo bem dessa tal de Nova Ordem Mundial. Sou brejeiro. Iniciado nas curvas cegas e futuristas do rio. Sou ribeirinho. Sem receio. Gosto de comer manga-de-fiapo à sombra da mangueira à beira do rio. O cheiro traz o perfume da infância. E o saber, a roupa que veste a alma. Eita, meus dias de infância no Livramento em Castelo do Piauí pagam o meu débito aqui na terra. Metafísica, pra mim, é terra do nunca. Gosto do discurso caboco. O Louvre, pra mim, são velharias. Adoro a casa de reboco, de pau a pique, de palha. Onde há vida. E vida abundantemente viva.
Ir ao Vaticano pra ver o papa, não me serve. Gosto é da roça e do mato. Da chuva que escorrega no telhado. De comer milho quebrado na roça. Na capoeira. Ver no oco do pau o pica-pau desenhar seu mapa astral. Não sei falar em paletó em corte italiano. Conheço camisa de tecido Volta-ao-mundo. Disneylândia, pra mim, é uma terra tão distante, que, somente num rabo de foguete, chegaria lá. Uns falam de Mickey Mouse. Conheço Mula-sem-cabeça, Cabeça-de-cuia, Saci Pererê, Curupira… Gosto de feijoada com pé-de-porco. De torresmo, mão-de-vaca, panelada, pequi… Mac Donald, tô fora. Subway, me poupe.
Não sou filho de copa do mundo. Sou afeito à pelada no sol quente: meio-dia. Sol a pino. Jogar triângulo pra ver quem acerta na “mosca”. Jogar castanha pra ver quem derruba o “piru”. Não sei falar francês, nem inglês, nem alemão… pru mode ser nordestino. Não me levem pra Londres, nem pro Marrocos, nem pra Turquia. Quero conhecer Exu, Petrolina e Caruaru.
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