São João do Piauí é uma cidade com múltiplas manifestações culturais em diversas áreas e formas de lazer, devido vários aspectos, dentre eles a posição geográfica e a formação da sua gente.
São João do Piauí está situada geograficamente próximo aos estados da Bahia e Pernambuco sendo, portanto, rota de passagem dos antigos tropeiros que levavam gado para os estados do Maranhão e Pará.
Devido o Rio Piauí e o local plano com muita pastagem, os tropeiros paravam para descansar e alimentar a tropa e os animais. Nessas paradas os negros escravos que adoeciam iam sendo deixados à própria sorte, já que não podiam voltar. Eles eram orientados a procura a região de baixo devido o rio servir para os afazeres diários tanto das pessoas como dos animais. Caso eles ficassem rio acima, poderiam poluir o rio com suas doenças. Eles formaram as comunidades negras da região de baixo. Com eles foi ficando também a cultura e a religião, com destaque para o Batuque, o Samba de Roda, o Terno de Pastorinhas, artesanato em barro e madeira e outros; na religião temos o Candomblé e os Terreiros de Umbanda.
Domingos Afonso Mafrense, nascido em Lisboa – Portugal, chegou por estas terras no ano de 1674 vindo da Bahia e Pernambuco dando início a povoação da região na construção de fazendas para descanso do gado e das tropas, Apossou-se das terras e como não tinha herdeiros deixou suas fazendas, após sua morte em 1711, às viúvas e donzelas órfãs. Sendo que as mesmas eram obrigatoriamente dirigidas pelos Padres da Companhia de Jesus.
Em 1875, Frei Henrique Cavalcante construiu a Igreja Matriz de São João Batista fazendo com que a cidade em quase a sua totalidade fosse de católicos praticantes e devotos de São João Batista.
Dos Portugueses herdamos o Reis de Boi e as cantigas de louvação anunciando a chegada do Menino Jesus. Essa manifestação cultural acontece de 24 de dezembro a 6 de janeiro, dia de Santo Reis e é comemorada em vários pontos da cidade tendo como atração principal o Reis de Boi do Mestre Luizinho do Xubéu.
Do Ceará chegaram várias famílias fugindo da seca que assolava aquele Estado, todas sendo bem recebidas e empregadas nos trabalhos diário das fazendas.
Mais recentemente chegou a Capoeira de Quilombo na Comunidade Quilombola Saco/Curtume, o movimento cultural KIZOMBA, a Cozinha de Quilombo, o Samba de Quilombo, dentre outras.
Temos também o carnaval com seus blocos de sujos e festas em praça pública organizadas pelo poder público.
Durante o mês de junho comemoramos o nosso Padroeiro São João Batista, com o novenário na igreja matriz e “Arraiás” por toda a cidade, culminando com concursos de quadrilhas, corridas de jumento (Fórmula Jegue); Caminhada dos Vaqueiros; festas e shows promovidos pelo poder público.
Foi resgatado, recentemente, pelo Tenente Edilso Salviano o desfile de Sete de Setembro, com participação de vários segmentos da sociedade: escolas públicas e privadas; Maçonaria, Batalhão Mirim; Polícia Militar, dentre outros.
As Bandas de Músicas já foram destaques, algumas promovidas pelo poder público, outras por cidadãos sanjoanenses como o Sr. Pompílio Santos que desenvolveu trabalhos promissores de ação social de longo alcance, principalmente aos negros e aposentados, sem esquecer os jovens e as crianças. Escola de música; Escola de datilografia; escola de futebol; corte e costura; fundou o Sindicato dos trabalhadores rurais de São João do Piauí.
Na área do lazer temos como ponto principal o Balneário na Barragem do Jenipapo e o Parreiral no Capim Grosso e Marrecas. Temos também vários clubes com banhos de piscina e poços jorrantes, AABB, Clube do SINTE, Balneário Jenipabu, Balneário Poço do Anjico, Balneário Pedacinho do Céu, Chácara do Padre, Balneário Dourado; Praça de Eventos onde são realizadas atividades como Capoeira, Tae Ken Do, Dança de Rua, realização das festas juninas, carnaval de blocos de rua, Festival da Uva com shows nacionais e regionais.
Na parte da culinária, temos na Praça Honório Santos o famoso Carneiro na Brasa, a Galinha Atolada do Dodó, Caldo de feijão do Panela de Barro, Açaí com frutas, Licor de uva, Tijolo de leite, Milho com Feijão, Buchada de Bode, Sarapatel e etc.
Portanto, nossa formação vai do Negro Africano ao Europeu de Portugal, juntando-se aos Baianos, Pernambucanos e Cearenses, dentre outros que por aqui chegaram e formaram famílias.
Confira mais imagens:
Texto e imagens de: Delso Ruben Pereira, Professor Licenciado em Letras – UFPI, Bacharel em Administração de Empresas – UFPI e Pós Graduado em Gestão em Políticas Públicas em Gênero e Raça – UFPI
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