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Cronicando o Piauí: Cigana

“A cigana leu o meu destino!”

Ontem, fui à cigana. Primeiramente, ela pois as cartas do baralho: apareceu uma morena que estava chegando a cavalo. Jogou os búzios e ela estava, novamente, lá: ciumenta e zangada. Botou o tarô: ela vive acompanhando os seus passos dia e noite. Tudo que fazes ela sabe. Com quem andas aonde vás.

– Tire os tênis que vou rezar em você!

Acendeu uma vela branca e começou a rezar. Passava em cruz sobre minha cabeça. Tentava entender a reza… Preparou um banho, mandou eu acender uma vela vermelha(vela de força), botar mel para adoçar o coração da morena e rezar um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.

– Amanhã, volte, que, hoje à noite, depois das 12h, vou fazer minhas experiências e ver como a vela queimou!

Vejo que ficou, na cera da vela no pires, um coração perfeito, corroborando com os búzios. Bom presságio, confirmando o que disse as cartas. Vai discorrendo em suas palavras que ela está magoada. Que está ansiosa. Que seu coração não aceita ninguém. Que quer que eu volte e peça desculpas. Que ela tem a natureza muito forte. Que quer que eu volte me arrastando aos seus pés. E que morre de ciúmes de mim, mas me quer humilhado.

– Compre uma vela branca de 21(vinte um) dias, um pacote de vela vermelha, um pacote de vela amarela, um pacote de vela violeta, 03(três) vidros de amônia, um tubo de pólvora, alguns banhos e etc!

Depois de tudo, disse-me que o meu Anjo da Guarda estava amarrado. Que estou todo enrolado. Que temos que ter paciência, pois é muito trabalho para desmanchar. Para eu banhar com sal grosso do pescoço para baixo. Ao meio-dia, ainda que, no ar-condicionado, meu corpo fica pegando fogo e meus dentes doendo. Toda noite alguém(uma alma, um espírito) fica o tempo todo puxando minha rede. Passa por debaixo. Roça…

– A outra vela vermelha, mostra-me, fez umas torres! Isso também é bom!

Na minha cabeça rodava tantos pensamentos. Tantas reflexões, inflexões…

– Reze os salmos 35, 61 e 91!

Sai meio zonzo…

– Acenda uma vela branca para o Anjo da Guardo, reze um Pai-Nosso e uma Ave-Maria!

Na saída, olho para fachada e leio:

“Trabalhos de Umbanda em Geral”

– A cigana leu o meu destino/ eu sonhei!!!

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