100% PIAUÍ

“Cronicando o Piauí” com Antônio Neto Sampaio – Andanças

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Este deslizar pelas ruas da cidade em constante atrito e de peito contrito numa árdua natureza em concreto e num corpo abstrato. Nestas idas e vindas, vou ruminando a vida em rosto forte, em sonho martirizado. Caminho roçando as costelas na esquina fria e em lote de gente.

Gosto de conversar com a cidade quando a encontro solteira, viúva, virgem ou brega. Quando estou em movimento variado e avariado, sinto o tempo corroer minhas entranhas com mais ferocidade e menos velocidade. Assim, usufruo do tempo que me resta com mais acidez, sensatez e escassez. Esbanjo as horas sem pena nem dó, como a meretriz que sabendo que sua vida vive por um triz jamais esquece de ser feliz. Ela brinda e brinca com a vida e com a lida como se a mesma fosse a mesma face do tesão de cada dia, que faz parte do seu banquete profano. Faz seus dias, dias seus.

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Peca por todos os beijos dado, doado, comprado, vendido, amado, mastigado, estragado, chagado, mazelado, melado, lambuzado. Peca por todo excesso, por toda falta e por toda falha.

Certo é viver sem medida. De forma assimétrica, pois é a melhor de todas as pedidas.

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