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Cronicando o Piauí: Minha constelação

Como me era caro catar estrelas etéreas, passei a garimpar as telúricas. Em 1975, deparo-me com a primeira estrela. Chamava-se Soraya. Que estrelinha linda. Morava à testa da casa da minha irmã. Minha alcoviteira era a Chica, que morava conosco para cuidar das minhas sobrinhas. As meninas, que se interessavam por mim, vinham até ela, e ai ela enchia a minha bola. O Alexandre, casado com minha irmã, veio, em 1972, transferido da cidade de Imperatriz para Caxias no Maranhão, pelo BB. Lá eu passava as férias… Fiz um punhado de amigos. Íamos para Trizidela banhar de riacho. Às vezes, íamos para AABB. Tinha dia que subíamos até a AABB e vínhamos descendo pelo riacho que cruzava vários quintais de certas mansões, até desaguar no Ponte, que era o balneário público. Na época, a casa, que morávamos, ficava perto da praça do fórum. Namoramos, namoramos e namoramos.

Parti numa calda de foguete!

Mudamos para uma casa que ficava no fundo da igreja. À noite, eu e a Chica íamos levar as meninas para passear e brincar na pracinha no largo da igreja. Lá conheci a Silvana. Linda! Tinha os cabelos cacheados e longos. Um sorriso suculento. Meiga. A menina, que morava na casa dela, era amiga da Chica. Começaram a conversar. E eu só na minha. Depois estavam as três conversando e sorrindo. Eu olhando as meninas andarem de velocípede. Vigiando. Despediram-se e fomos embora. “Ela tá interessada em ti!”. Beleza! “Agora, só dar certo vocês se encontrar domingo na praça do fórum! Ela vai pedi a mãe dela para ir com a Maria tomar sorvete.” Beleza! “Amanhã saberei se deu certo!”

No domingo, ficamos rodando a pracinha de mãos dadas, sem beijos. Só uns cheirinhos de leve no pescoço e na orelha. Linda! Na despedida, ganhei o beijo tão “mendigado”. “Na quarta, à noite, vou com a Maria para praça! Espere-me às 7h!” Durante seis meses nos amamos.
Mudamos para um outro bairro. O que dificultou os nossos encontros e o nosso namoro. Ela era filha única e mimada ao extremo. De família rica e altamente conservadora. Complicou. Não tinha como sair com as duas meninas e a Chica, para ir encontrá-la, pela distância.

Na nova morada, arranjei um amigo que se chamava Guilherme. E, naquela época, ele tinha um Fapinha. Era um carrinho massa com gasolina e tudo mais. Fazia o maior sucesso com as meninas. E provocava ciúmes na galera. E eu na carona. Era ele de família abastada. Neste ínterim, conheço uma belíssima estrela. Uma constelação. Loura de corpo escultural. Passa em uniforme escolar com os livros abraçados sobre os seios. Olhamo-nos. Segurei o olhar, mas ela desviou. Continuei fitando até a esquina. Ao dobrar, olhou. Pronto, essa está no papo!
Guilherme, cara, estava no jardim lá de casa, quando vejo uma estampa de loura linda, gostosa. Um avião! Um corpão, meu irmão! Uma bunda! Caramba! Vinha com a farda do Patronato. Linda! Estou apaixonado. Escutou os meus arroubos com toda serenidade. Com toda educação e bons modos. Esperou eu desacelerar.

Aí, com a calma de um monge, olhou no fundo dos meus olhos, e disse-me: “É Joana, minha irmã!” Caí do cavalo. Ô cara, desculpe-me! Suei frio… Pensei, perder o amigo e as andanças no Fapinha… “Esquenta não, já estou acostumado!” Fomos tomar sorvete, mas ela não saia da minha cabeça. Queria fazer umas indagações, mas sentia que o momento não era propício. Estava me coçando para saber tudo da vida dela, mas o momento não era apropriado. Aquela noite eu não dormir. Não preguei os olhos. Poxa, ela tem quer ser minha! Ativei a Chica, minha alcoviteira. Pelo amor de Deus, dar um jeito de te aproximar da empregada da casa dela! Eu tava louco, louco.

Criei coragem e perguntei: Guilherme, ela tem namorado? Olhou para mim, sorriu e disse: “Ela está só perguntando por ti!” Sorri e minhas pernas tremeram… Caramba! por que você não me contou? Sorriu sarcasticamente e disse: “Você não me perguntou!”
Passou a ser o meu cupido. Agora, éramos três no calhambeque…
Tornei-me um catador de “estrelas”…

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