100% PIAUÍ

Cronicando o Piauí: Naturalidade da coisa

Acordei às cinco da matina… Ainda dolorido todo da farra de sexta-feira. Numa ressaca infeliz. Já não sou mais um garotão. Estou aos 5.5. A galera que quer andar comigo são garotões entre 25 e 40 anos. Já não tenho pique pra acompanhá-los. No sábado, logo cedinho, o celular já estava abarrotado com várias ligações e mensagens, convidando-me, para irmos pro “arraiar”, no sítio da dona Zulema, no município de Altos. “Estou morto!” Foi o meu argumento.

Espreguicei-me, mas ainda não encontrei forças pra levantar. Pois havia passado o sábado todinho deitado. Literalmente. Ouço tocar à vitrola do vizinho Pablo e sua sofrência. “Hoje eu não bebo!” Disse a mim mesmo. Ensaiei e, de supetão, levantei. Fiquei parado e quieto. Assuntei o tempo e o mundo, caminhei. Saí amassando os olhos e ressonando. Abri as janelas, destravei as portas (pois ainda uso tranca), saí ao jardim e olhei o céu. Estava desanuviado. Sentei-me na lapela da calçada e os cães vieram lamber-me as orelhas.

Numa alegria estonteante. Deixei o sol aquecer minhas células pra poder chegar o alento. Beijei as cachorras – uma por uma -, e fui ao banheiro. Escovei os dentes, peguei a toalha, o pente, o sabonete, o shampoo e dirigi-me à minha ducha sob a mangueira. O vento estava frio. E a água, também, não se intimidou. Não se fez derrogar. E o Plabo, ainda, rolava na berlinda, acompanhado de uma voz ébrio e desafinada. Faz parte!

Passei o café. Enquanto isso, o celular toca. Era o Fernando convidando-me pra ir comer uma cabidela no Tifinha. Recusei! Ainda estava debilitado. Recusei com outra proposta: “Comeremos o hot-dog à noite no Altas Horas!” A proposta ficou no vácuo. Mas tudo bem. Daqui pra noite tem tempo. O celular toca. Ele, novamente. “Neto, vamos tomar café no Mercado da Piçarra!?” Sinto-me em negar-lhe novamente. “Deixemos pro Altas Horas! Lá tomaremos umas geladas!” Pensei no jogo da seleção na segunda. Mais cachaça e mais ressaca…
Frito quatro os ovos de granja e empestados de hormônio, faço o suco, pego as pães massa-fina e ponho tudo na mesa debaixo da mangueira e vou degustar feito um príncipe.

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