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Cronicando o Piauí: Revivendo momentos

Indos de 1982. A Sandra, depois de dois anos estudando em Recife, no final do ano, retorna à Teresina. Nos reencontramos. Em dezembro, na Festa de Debutante da Cibelle na AABB, começamos a namorar. Em junho do ano seguinte resolvemos fugir. Já estavam todos de olho em nós. O Nilinho, irmão dela, era quem nos vigiava as 24h do dia. Combinamos que iríamos fugir, mas faltava a grana. Eu aos 19 anos e ela aos 17. Éramos estudantes. Peguei umas joias da mamãe escondido e fui à Caixa Econômica da Areolino de Abreu para penhorar.

Deu uma boa grana. Pedi para ela fazer uma lista do que eu deveria comprar. Fiz quase um supermercado. À noite, conversando com o G. que é nosso amigo. Ele se comprometeu de ir me deixar na rodoviária. À época, tinha uma Belina. Havia ganho por ter passado no vestibular. Seu pai J. B., desembargador, poderia custeá-lo. Pois não ia nos deixar no destino porque tinha uma prova à tarde. Cursava Direito na UFPI. Beleza!

A rodoviária ficava no espaço onde hoje é o Strans. Havia saído da praça Saraiva.
O ônibus saia as 10h. Já eram 9:50, e nada da Sandra. Meu coração parecia que ia sair pela boca. O motorista entrou, deu duas aceleradas e desceu novamente. Minhas pernas tremiam que nem vara verde. Olhava prum lado, olhava pro outro e nada. Quando penso que não, ela entra assustada. “Eita, quase não saiu! O papai parece que estava adivinhando, não saía do meu pé!”

Pegou a ponte Metálica e adentramos no Maranhão. Ufa! Fomos pro Canaã. Um sítio dos pais da Helena, minha cunhada. Casada com o Beto, meu irmão. Descemos na BR e tivemos que ir a pé. Um monte de sacolas, uma rede e às mochilas. O Sol estava a pino. Chegamos!

Lá, só havia uma latada de palha, sem paredes. Botamos as coisas no chão e fomos banhar no riacho. Buritizal. Água fria. Fizemos a comida bebendo uma vodka com Fanta laranja. Dormimos… Acordamos com os porcos passando por debaixo da rede. Dorminos a primeira noite num frio de rachar.
De manhã, estávamos banhando quando passa um morador e me reconhece. Nos oferece a casa dele. De pronto aceitamos. Tudo melhorou. Entregamos as compras para a esposa dele. Aí foi bom para todo mundo. Passamos quatro dias.
Agora, era hora de retornar. “Vamos para casa do Beto no Saci!” Voltamos para BR para pegar o ônibus. Só Deus sabia como nós vínhamos. Os pés pareciam não tocar o chão. Toquei a campainha e saiu a Helena. Ela quase cai de costa. Ficou pálida. Entramos… Botem as coisas de vocês aqui neste quarto. Chega o Beto. “E aí, fujões!? Vamos almoçar!” Almoçamos e fomos pro quarto. Murchos.
No outro dia cedo, chega a dona Jesus. “Eita, Sandra, o Nilo tá louco de raiva!” O Beto vem e senta na roda. “Agora, não adianta mais chorar, o leite já está derramado!” Conversa vai, conversa vem. “Pega as tuas coisas, vamos pra casa!” A Sandra diz: “Só vou se Antoim Neto for!” O impasse continua. “Eles só vão se eles quiserem! Se não quiserem, podem ficar aqui!” A peleja continua. “Pois vamos fazer assim: o Antoim Neto vai e ficar na casa Graça!” A pendenga continua. Por mim, tudo bem! Assim foi feito.

Aí todo mundo ficou querendo saber como foi a odisseia: diagnóstico, plano, planejamento e execução. Dia 29 de junho, completei 20 anos. Dia 18 de julho, a Sandra completou 18 anos. Dia 19 de julho de 1983, casamos na Ermida do Dom Barreto com o Pe. Raimundo Nonato como celebrante.
Veio a Ananda em 16/04/1985 e sapeca da Raíssa em 19/12/1987.

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