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Cronicando o Piauí: “Sigo em marcha lenta”

Amanheci com um espírito aventureiro, de andarilho, de liberdade. Acordei. Assisti a missa com o Pe. Marcelo Rossi, às 6h, no canal 4. Banhei na ducha vislumbrando a coreografia dos pássaros no tecido azul e branco do céu. Demorei o bastante para lavar, além do corpo, a alma e os sonhos. Penteei as madeixas, desodorante, perfume, cueca, bermuda, tênis, camiseta, mochila, capacete, chave e desci pela Celso Pinheiro, Odilon Araújo, ponte Anselmo Dias, Dirceu, avenida das hortas e rumei à Usina Santana. De lá, peguei o Rodanel, que é uma rodovia, ainda, cem porcento bucólica e pouco trafegável.

Paro no comércio do primo do Mário, e sou bem recebido pelo ar puro e fresco. Peço uma água mineral. Tomo mais uma. E fico papeando com um senhorzinho em chapéu de palha que vai saboreando uma, duas… doses de cachaça Mangueira. “Neto, vc não tem uma cédula menor?” Pago minha conta e mando tirar as doses de cachaça do meu parceiro de prosa. “Assim fica mais fácil!” Dou-lhe um abraço demorado e despeço-me. Saiu consumindo o vento, a solidão espontânea, o tilintar das palhas das palmeiras, o tempo e todo este cenário que me invade o caroço do peito. Sigo em marcha lenta.

Sem pressa. Sossegado. De boa. Paro à sombra de uma mangueira e sento-me numa raiz proeminente. Passa um casal de bicicleta. Ela com as mãos cheias de sacolas. Pelo diálogo, vinham da bodega. Somem na curva. Afasto as folhas secas com o tênis, ponho o capacete no papel de travesseiro, deito-me e passo a rever meus conceitos e meus pré-conceitos da vida. Trânsito por Sócrates, Platão, Aristóteles, Artur Schopenhause, Blase Pascal e termino em Saramago e Machado de Assis. Volto ao betume. Passo pela ponte e dou uma olhadela no leito do rio Poti. Sofrido. Há lugares em que o leito chega a apartar. Saiu em frente à fábrica Dudico. Pego a BR 316 e desço para Mourinhos. Paro na lanchonete do Rei da Cajá. Peço um suco de bacuri(ironia) e um pastel. Enquanto ela prepara, vou fitando o movimento.

São ecléticos. Passam levando na garupa da bicicleta: porco, galinha, bode… Todo mundo na cidade tem uma moto. Uns chegam com cabelo em água oxigenada; outros, saem. Muito ônibus, carretas e carro de passeio. Passa apressada uma senhora gorda agarrada à mão de uma criança com rudia e lata na cabeça. Vai falando pelos cotovelos. Não sei se com a criança, que vai muito bem distraída, obrigado ou com Deus. Olho pro medidor de combustível e vejo que ainda me resta meio tanque. Pego a BR de volta, saiu ao lado do Estádio Albertão e mais uma vez o celular toca. Tá cheio de chamadas: Aldo, Tim, Marquim, Carlim, Joaquim, Dedezim, Marta, Cinthya. Sem retornar. Deixando todos em off, desço pra tomar uma no Sítio e Restaurante o Tifinha. “Lá, eu sou amigo

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