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Cronicando o Piauí: Vida de viajante

Chego à cidade União em 1991, vindo de Gov. Archer/MA, depois de quatro anos. Assumo e fico morando com o “Sgt”. Pereira, enquanto alugava alguma casa. Meio acanhado, acabrunhado, vou conhecendo os colegas do banco, e sendo apresentado, aos poucos, à comuidade. Fico no final semana para olhar umas casas para alugar. Fecho com Carlito da Gecosa, uma casa na Rua Coronel Narciso(ou Rua da Chapada – como era conhecida). Pronto! Agora, estava tranquilo neste quesito. Só faltava providenciar a mudança de Teresina. Estava instalado temporariamente na casa do meu sogro com mulher, filhas, papagaio, gato e cachorro.

No final do expediente da sexta-feira, o Sgt. Pereira, na saída, se vira para o Messias, e sugere que o mesmo faça o papel de me ciceronear, pois ele ia para capital, e eu ia ficar enclausurado, pois, ainda, não havia feito amigos por lá. De Pronto, se prontificou:

– Pode deixar Pereirinha!

Era setembro, e estava em pleno Festejo de Nossa Senhora dos Remédios, a padroeira. Na saída do banco, ficamos acertados, que ele me pegaria às 7h, para irmos dá uma volta pela city. Quando a buzina soou, já estava arrumado e perfumado. Chegou num Chervett bege(cor de café-com-leite). Fizemos primeiro um tour pelos bares e terminamos na praça dos festejos. Pouca gente. Alguns gatos-pingados. Apesar de São Raimundo Nonato não ser o padroeiro, era sua festa, no mês de agosto, que arrebanha os filhos e as filhas, que estavam desgarrados país à fora.
Ficamos no bar do Neto Marinheiro, do qual, já passei a amigo. As pessoas iam chegando e o Messias ia me apresentando. Aumentava, assim, meu legue de “irmãos” cachaceiros. Aos poucos, fui ficando, à vontade, e conhecido por uma boa parcela dos filhos do Estanhado.

Foram chegando as meninas e fui sendo apresentado como se fosse solteiro. Coisas de Messias Pierot. Os cascos de cerveja foram se amontoando debaixo da mesa. Os sorrisos estavam mais espontâneos…
Lá pelas tantas, comecei a receber bilhetes. Quem os trazia era o “Zamba”(a origem do apelido eram as suas pernas que eram zambetas), garçom que nos servia àquela noite. Depois, nos tornamos amigos e jogamos juntos no “Flor Bela”, pelo campeonato municipal. A turma foi chegando, e o Zamba foi acrescentando mesa, uma após outra. Virou um banquete. Fui me afinando com a galera da orgia. Aí, vieram os convites para jogar bola, churrasco, para conhecer o Clube Apache, etc, etc e etc. Estava entrosado. Já havia programação para o sábado de manhã.

Recebi um bilhete que prendeu minha atenção. Vinha desenhado um muro, e por trás dele, uns olhinhos, tão meigos, que se sobressaíam, num lencinho, com um balãozinho, que dizia assim:

– Estou de olho em você!

Fui ao banheiro, e, reservadamente, chamei o Zamba, para perguntar onde estava aquela, a qual, havia mandado, aquele bilhetinho, tão lúdico e singelo:

– Não olhe agora! Ela está lá na escadaria da igreja! É a morena.

– Linda!!!

Voltei e, desfaçadamente, sentei-me comportado. Como já havia bebido muito, fiquei flertando de longe. Pedi para o Zamba servi-las, e dizer-lhe, que amanhã conversaríamos. Ela mandou o telefone e…
No sábado, a turma cedo bateu à porta:

– Bora, bora, bora!!!

Bebemos em tantos bares, botecos, cabaré e terminamos no Restaurante do “Pebinha”. Muito álcool… Não liguei para ela como havia combinado, prometido. No domingo, estava morto. Passei o dia inteiro em casa – do chuveiro para a geladeira.
O Sgt. Pereira e os guardas chegavam cedinho à agência do banco. Como ele havia ido passar o final de semana com a família, já desceu do Zuca Lopes, na esquina do banco. Não foi nem em casa.
Banhei, botei perfume e a roupa, passei na Lanchonete Avenida, do seu Zé Silva, para tomar café e descer para começar o expediente. Que com certeza, seria longo.
Quando adentro a agência, o Sgt. Pereira me chama:

– “Cabo Véi”, como foi o final de semana? (rs.)
– Foi ótimo!
– Imagino! Agora, pela manhã, quando desci do ônibus, fui abordado por uma mocinha, que me indagou se tu eras solteiro. Eu disse, que eras casado e que era pai de duas filhas lindas.
– Sorri e fui abri o Caixa para começar o dia. No final do expediente da tarde, fomos beber uma gelada no Bar do Lorilanche, na Praça do Mercado, e eu, o agradeci. Na realidade, havia tirado um peso das minhas costas.

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