Havia, na minha juventude, em mim, um sentimento de domínio sobre as pessoas. De adestrá-las! De fazê-las fantoche, marionete, ensacá-las, encaixá-las, enlatá-las, rotulá-las, manipulá-las, esquadrinhá-las, submetê-las. Enfim, coagi-las!
Os anos se passaram e converteram-me. Hoje, vivo: “Ao Deus dará!” Sigo e vivo o curso do rio. Ao fio da navalha! Vou desviando-me das pedras, das mágoas, dos insultos, das pelejas, dos agravos, dos aviltamentos, dos solavancos, dos espinhos, dos moinhos, dos “cães”, dos “enfermos”, dos arroubos, dos covardes, dos ingratos, dos incautos… e vou afeiçoando-me às rosas, às flores, aos lírios, ao coito dos pássaros, ao vício dos frutos, ao “canto” do jumento, ao vento frio que arrepia-me, à seresta do batráquio, à pose da rã… Entendo cada um no seu “quadrado”! Ao libertar o outro, livrei de tudo. Até das etiquetas! Sendo pouco, e por pouco tempo.
Não necessito de pressa. Bom mesmo é participar. De forma suave. Como sigo o fatalismo e a filosofia de Diógenes de Sinopse, concorro à paz. Sou fissurado por trem. Andam calmo. E assim, permitem-me, gozar a paisagem. Hoje, a minha via preferencial, é a contra-mão. Sigo sempre à margem. De preferência, à esquerda. Sendo assim: lobo solitário. Não me dou à mostra e nem à moda. Sou bicho do mata. Desconfiado! O meu relógio é moco: só anda atrassado. Meu anel de formatura, vendi-o ao ourives da rua Areolino de Abreu com David Caldas. Numa encruzilhada. Custou à minha mãe, 2 mil reais. Ele só pagou o peso, o modelo e a pedra e a catedral, para ele não vogava. Recebi 350 reais! E apressei-me em desfrutá-los. Na praça João Luiz Ferreira, em frente ao prédio do antigo INAMPS, tomei as três primeiras cervejas…
Passei, a partir de 2002, a viver ao léu. E vai dando certo. Assim, como deu para o filósofo dos Cínicos. O meu aperfeiçoamento, vem quando ando “solitário entre a gente”. Sou andarilho por natureza e opção. Gosto mesmo é de não-ser. Não sendo, sou. Minha alma é, tenho convicção, “underground”. Certeza! Ah, e cafajeste, também.
Areia do mar, cedinho, adora meus pés. Gosto de voar com as gaivotas. Elas são elegante. São minhas amiguinhas imaginárias. Fico horas a fio coloquiando com elas. Somos cúmplices e parceiros na arte de voar, planar e amar. Há momentos em que penso que elas vão pousar em minha cabeça. Passam tirando um fino, e saem grasnando ou gargalhando. Não sei ao certo.
Gosto do vim-vim, do papa-capim, do bigode (não necessita ser torneiro) e do soim…
As sementes vão me ensinando que para tudo há um tempo: primeiro um bom agricultor, depois uma terra boa, uma semente sã, um regador(que, no caso, pode ser Deus!), daí, às raízes, o caule, os galhos, as folhas, às flores e o fruto.
Creio na predestinação!
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