Enquanto o cavalo cochicha no ouvido do riacho, a abelha rodopia num balé alucinado e delirante para enebriar a flor. O peixe, sarcasticamente, num rebolado frenético e obsceno, sacanea o ritmo do rio. A cachaça das canoas é a saudade do cais. Coando o rio a tarrafa alimenta o pescador. O fundo da garrafa cheio de farinha é o poleiro das piabas. Enquanto o remo espeta as costela do rio o estudante faz a travessia. Tem momento que o rio é todo céu.
A tarde é um pássaro esquisito e depressivo. O crepúsculo me assusta e me acusa. Quando o manto das trevas começam a descer na lapela do horizonte, meu corpo estremece, emudece. O entardecer é sempre o findar. Gosto de ver o dia de olhos arregalados. Quilaro, quilaro. A manhã de mãos dadas com orvalho, pequi e quiabo é palatável e agricultável. O amanhecer é criança misturado com infância. É sítio do pica-pau amarelo na face sapeca da Emília nos pratos deliciosos da tia Anastácia com sabor de dona Benta nas peripécias de Monteiro Lobato. O amanhecer é sempre o renascer.
A noite nos leva a visão. Nos faz andar à palpadela. Agora, a proeminência está no saber. O corpo quer economia. É hora de doar o que a experiência gerou. Sem rompantes. A humildade deve aflorar. Não se envolver em embates é sofisticado. Inimigo da discórdia. O tempo vai nos mostrando o quanto somos tolos. Muitas coisas não valem à pena se discutir. Quem é o dono da razão!? Quem sabe mais!? Quem é o dono da verdade!?
Hoje prefiro está errado a discutir. Passar por bobo a me indispor. Só sei que vou morrer. Meu tempo é ouro para trocar por lágrimas, ódio, mágoa, rancor… Vou é chupar picolé, banhar de chuva, conversar besteira com meus amigos, visitar: museu, biblioteca, cemitério e igreja. Gosto mesmo é de participar de fubá com a galera…
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