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Nossa homenagem: Herculano Moraes

Na última quinta-feira (17), faleceu o poeta, escritor, jornalista e ex-vereador Herculano Moraes. Após ter contraído uma infecção pulmonar, Herculano não resistiu e veio a óbito. Herculano era membro da Academia Piauiense de Letras (APL), foi secretário de comunicação do estado e uma grande personalidade no estado. A APL emitiu uma nota sobre o falecimento do poeta.

Nota da APL (Academia Piauiense de Letras)

– É com profundo pesar que a Academia Piauiense de Letras, consternada com o falecimento do acadêmico Herculano Moraes, solidariza-se com os familiares e diversos amigos que nosso confrade deixa nesse plano.

Informa ainda que a família está decidindo onde ocorrerão o velório e o sepultamento – 

O nosso intuito não é de apenas noticiar a morte de um grande ícone da literatura piauiense, mas sim, ressaltar o seu trabalho e sua importância para a história da arte no estado. Por isso postaremos abaixo uma de suas poesias.

O Rio de Minha Terra

O rio de minha terra é um deus estranho. Ele tem braços, dentes, corpo, coração, muitas vezes homicida, foi ele quem levou o meu irmão. É muito calmo o rio de minha terra. Suas águas são feitas de argila e de mistérios. Nas solidões das noites enluaradas a maldição de Crispim desce sobre as águas encrespadas. O rio de minha terra é um deus estranho. Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole para subir as poucas rampas do seu cais. Foi conhecendo o movimento da cidade, a pobreza residente nas taperas marginais. Pois tão irado e tão potente fez-se o rio que todo um povo se juntou para enfrentá-lo. Mas ele prosseguiu indiferente, carregando no seu dorso bois e gente, até roçados de arroz e de feijão. Na sua obstinada e galopante caminhada, destruiu paredes, casas, barricadas, deixando no percurso mágoa e dor. Depois subiu os degraus da igreja santa e postou-se horas sob os pés do Criador. E desceu devagarinho, até deitar-se novamente no seu leito. Mas toda noite o seu olhar de rio fica boiando sob as luzes da cidade.

Minuta de Diego Mendes Sousa

Poema de Herculano Moraes (1945-2018)

Foto: Divulgação
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