O pé começou a declinar das dores. Subi e tomei o pingado. Fiquei um tempo proseando com minhas irmãs e sobrinhas. Conversas triviais. Dessas que vão aliviando a alma. Colóquios debilóides.
Resolvo ir caminhando até a agência da Caixa Econômica na Piçarra. Pego a avenida Abdias Neves, passo na Biss Sorveteria e cumprimento ao Alnejair e ao “Zé”. Signo. Passo em frente ao frigorífico do “Toca” e cumprimento a galera da cachaça. Vou em frente. Encontro com o “Véi” solitariamente tomando um litrão de Antártica, num barzinho que fica depois da APAE. Dou-lhe um abraço e sou convidado a sentar e tomar um copo. Agradeço, mas tenho que seguir. Promete a mim dez pintos de raça quando a galinha tirar.
Agora, pego a avenida Odilon Araújo. Passo pelo mercado público e sigo para agência da Caixa. Tento sacar um vintém, mas não há dinheiro nos terminais. Não à regra. Para não perder a viagem, tiro um extrato.
Cai uma chuvinha rala que vai aos poucos engrossando. Encosto debaixo do toldo de uma lojinha, onde havia, dias atrás, comprado um boné. O proprietário, simpaticamente, convida-me a entrar. Logo ali, chega a Leda, com seus olhos verdes, para se proteger da chuva. Agora mais forte. Conversamos e sorrimos comentando as loucuras dos Sampaios. Somos primos. O sol se apresenta e nos despedimos.
– Ainda vou fazer comida, meu primo!
Dou alguns passos e topo de cara com o “Curujinha” e com o “Riscado”, dois amigos do peito. Tecemos alguma conversa obscena, sorrimos e nos desfizemos. O Curujinha entra numa barbearia para disciplinar os cabelos e a barba e o Riscado segue destino rumo à avenida Miguel Rosa.
Agora, pego a avenida São Raimundo, passo pelo mercado novo e ouço o cd do Amado Batista tocando a toda altura na banca do Camelô. Desço e pego a rua José Messias, passo no Thiaguitos, bar e restaurante do amigo “Neném”. Entro, abraço-o, sento e peço uma água mineral com gás para reabastecer as baterias. Um dedo de prosa e sigo viagem.
Pego a avenida Abdias Neves, passo em frente à APAE e ao Toca, onde a galera continua tomando umas. Abraçam-me e oferecem uma dose de Mangueira com um pedaço de queijo como tira-gosto. Agradeço-lhes, pois ainda estou tomando medicamentos para o meu pé. São sempre acolhedores. Amo-os, e sou seu fã. Despeço-me.
Passo novamente na Biss Sorveteria, mas o “Carlim” ainda não chegou. Peço uma água com gás, tomo, e rumo à casa da mamãe. Almoço com as meninas e com muita zuada. Parece uma família italiana: ninguém se entende.
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