Ela passa os dias subindo e descendo. Sempre levando um pedaço de pau à mão, mas não agride nem os carros, nem os transeuntes. Há momentos em que olha pro nada e dana-se a sorrir. Tem horas que parece um vaqueiro botando o gado pro curral ou está regendo uma sinfonia. Vem caminhando e do nada para e volta.
Há momentos que sai correndo e saltitando como se estivesse ensaiando uns passos de balé. Gosta de sentir os cabelos esvoaçando ao vento. A aba do vestido vai acompanhando as suas piruetas. Ela para, estaciona as mãos sobre os joelhos e começa gargalhar. Estanca o riso, observa o passante e fica séria.
Passam os dias, mas o tempo parece não tocá-la. Tem as madeixas volumosas e a pele queimada pelo sol. Quando para descansar, cruza as pernas, escora sua “batuta” à altura do regaço, junta o cabelo com força e passa a liga. Põe o relho debaixo do braço. Olha pro céu. Olha pros pés. E volta a fazer a volante.
A sua vida parece viver de outros mundos.