Os Cinemas Teresina, no Teresina Shopping segue os encontros e conversas com diretores de renomados filmes. Desta vez, no próximo dia 12 de dezembro, o cinema recebe o diretor Chain Litewski, que comandou o filme “Cidadão Boilesen”. Lançado em 2009, a película retrata a proximidade de Henning Boilesen, presidente do famoso grupo, Ultragaz, com militares, no auxílio do financiamento da ditadura militar.
Albert Hening Boilesen era um empresário dinamarquês nacionalizado brasileiro. Durante a ditadura, foi um dos grandes entusiastas da Operação Bandeirante (Oban), inaugurada em São Paulo no ano de 1969. A Oban, criada pelo Exército para investigar e reprimir grupos da esquerda armada, foi financiada por empresários vinculados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Segundo o documentário, Boilesen não era o que fazia os maiores aportes financeiros, mas tinha um importante papel de articulador, convocando novos empresários para participar do financiamento. Mas Boilesen teria ido além. Diversas fontes afirmam que o empresário participava de sessões de tortura e que inclusive teria importado dos Estados Unidos um instrumento de tortura que soltava descargas elétricas crescentes. O instrumento teria sido apelidado de “pianola Boilesen”. “Ele pessoalmente frequentava a Operação Bandeirante, ia ver os presos e assistia a sessões de tortura”, afirma no filme o historiador Jacob Gorender.
A participação de Boilesen nas torturas fez com que a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) elaborassem um plano para executá-lo. O empresário foi assassinado próximo de sua casa, na alameda Casa Branca, em São Paulo, em 15 de abril de 1971. Seu caso é considerado emblemático da participação civil na repressão. Ford, GM e Camargo Corrêa também são apontadas como empresas que financiaram a Oban.
Dentre os depoimentos existentes no documentário estão o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador de São Paulo Egídio Martins, Erasmo Dias, Dom Paulo Evaristo Arns, além de vítimas do regime, como Carlos Eugênio da Paz, membro da ALN que liderou o grupo que matou Boilesen.
Créditos: EntreCultura