Lina do Carmo volta ao Brasil e, em Teresina, Piauí, se apresenta Dia 05 de novembro, Dia Nacional da Cultura, no palco do Teatro 4 de Setembro, às 20 horas, com Entrada Franca, dentro da programação do Complexo Cultural Club dos Diários/Theatro 4 de Setembro, para Dia tão festivo e comemorado em todo território brasileiro.
Depois de um longo hiato, a atriz, dançarina mímica, coreógrafa e pesquisadora do Corpo e falas mimodramáticas celebra a cidade e festeja conosco com o Viajante da Luz. Como todo bom mote e viajor da linguagem e traço peculiar da piauiense Lina do Carmo, este espetáculo estreou em 2007, na cidade de Colônia, na Alemanha, e tem percorrido Festivais em Portugal, Suíça, México, Brasil (Brasília e São Paulo) e Paris. Agora é a vez de assinar pauta em Teresina, no 4 de Setembro.
O espetáculo Viajante da Luz encontra seu ponto de partida na gênese, conhecida como Dreamspell ou “encantamento do sonho [1] “, ainda hoje presente na cultura dos Maias. O corpo traz uma tipologia de formas ancestrais que esboçam a complexidade dos ciclos astronômicos. Questões do inconsciente são analisadas sob a ótica simbólica do gesto e são a base da criação de cinco cenas do espetáculo. Nelas, Lina do Carmo incorpora o viajante, memorizando um rito singular que indica o poder do movimento e a harmonia da vida, entre a terra e a consciência de que o Tempo é Arte. A viagem ocorre através do corpo.
A coreografia explora o amago da psico-fisicalidade sobre a qual se estrutura a dramaturgia de contrastes dos movimentos imbuidos pelos ritmos surpreendentes, sons e projeções videográficas. A solista alterna-se entre imagem coreográfica e imagem virtual que lembram posturas de figuras ornamentais esculpidas em pedras e movimentos circulares de grande intensidade. E como isto se relaciona com formas de experiências longínquas, que ficam enraizadas profundamente no conhecimento em torno de si mesmo e do cosmos.
Lina do Carmo traz uma visão do corpo como a vestimenta da alma que percorre espaços e dimensões além de identidade cultural. Uma viagem adentrando o universo mítico da cultura dos Maia, composta como um ritual, busca transportar o arquétipo do Ser atemporal. “(…) se constitui em partitura um percurso em direção à espiritualidade, neste caso, uma narrativa em torno de mitos de transformações cósmicas da cultura Maia. A partir disto, a dança de Lina pode ser encarada não somente como uma criação coreográfica, mas também como proposta para um possível caminho de transformação.“ (Cássia Navas, Teatro Dança, São Paulo 2010).
Viajante da Luz estreou em 2007 em Colônia, na Alemanha e tem percorrido festivais em Portugal, Suíça, México, Brasil (Brasília e São Paulo) e Paris. A ficha técnica traz, na Ideia e Dramaturgia, a assinatura de Lina do Carmo e Eleonora Paiva • Coreografia e Dança, Lina do Carmo • Direção, Eleonora Paiva • Videografia e fotografia, Dennis Thies • Figurino, Çiçek Schuch • Som e edição de imagens, Luiz Melo • Iluminação, Burkhard Jüterbock • Produção, Compagnie Lina do Carmo © 2007. Duração, 50 minutos sem intervalo • Subvencionado pelo Kulturamt der Stadt Köln, dem Ministerpräsidenten des Landes NRW, Förderprogramm Sk-Stiftung.
“encantamento do sonho” [1] Em contraste com outras cosmologias, o rito do tempo cosmológico dos Maia (TZOLKIN) cronometra três geneses e atravessam cinco castelos do tempo: um vermelho no leste, um branco no norte, um azul no oeste, um amarelo no sul e um verde no centro. O planeta terra é sincronizado pelas 13 luas. As 13 luas correspondem aos 13 tons da criação e de 20 selos solares, que expressam o ritmo da terra como qualidades de energias. Os 20 selos solares ou “Kins” iconizam diferentes energias que atravessam ritmicamente os cinco castelos de tempo chamados de Ondas Encantadas (Wavespells). Nisto constroe-se a dramaturgia do corpo no espaço tempo onde Viajante da Luz percorre os ciclos evolutivos.
A artista
Lina do Carmo traduz com seu corpo uma linguagem expressiva de dança-teatro e atrai um público internacional. “Raramente uma intérprete unifica tantos contrastes em si mesma, uma mulher fascinante”, escreve o Hannoversche Allgemeine Zeitung, da Alemanha.
A coreógrafa e dançarina, Lina do Carmo reside e trabalha há muitos anos na Alemanha e no Brasil. Há mais de trinta anos, o gesto rupestre da Serra da Capivara permeia as suas criações coreográficas. A relação estreita da artista com uma arqueologia vivida pelo corpo abre caminhos pedagógicos de criação. Imersão, criação e transmissão estão no coração da sua investigação e reflexão estética do corpo. Lina faz o cruzamento do imaginário arqueológico e as experiências de criação nos palcos do mundo.
Sua expressividade provoca uma íntima conexão poética com a fonte de gestos arcaicos, dando-lhe uma vida extensa. O duelo entre preservação e inovação provoca ‘um gesto outro’ para reinventar a imagem do tempo no paradoxo da repetição da memória e do diferente. A estranheza do velho no presente refaz um evento poético fértil, que não tem filiação genética, mas uma identificação espiritual. A busca de dança, então, opera uma ‘arqueologia do presente’ que conecta o traço de nossa humanidade esquecida.
Seguindo sua formação em dança e teatro no Brasil e nos USA, Lina conclui o diploma em Mimodrama com Marcel Marceau, em Paris e desenvolve na sua trajetória igualmente autêntica e autônoma. Assim a artista constrói uma vasta experiência internacional no campo do teatro e inovações para televisão, por exemplo, a TV Globo no Brasil. As diferentes técnicas corporais se fundem com a emoção vinda de sua natureza brasileira e cria um estilo único de movimento-gestual, com o qual ela produziu diversas coreografias solos e para grupos, como »VICTORIA REGIA- A Fiction from Amazonas« (1990), »FUGITUS« (1994); »CAPIVARA« (1997), »ARUANÃZUG« (1999), »VIAJANTE DA LUZ / Lichtreise« (2007).
Arte e Academia
Lina do Carmo apresenta suas danças-solos em teatros e Festivais internacionais na Alemanha, Áustria, Itália, França, Polônia, Lichtenstein, México e naturalmente no Brasil. Além disto, Lina leciona igualmente em diferentes partes do mundo, dirigindo seminários em importantes centros Acadêmicos de dança e de teatro, assim como em Universidades e Festivais. No ano 2000, Lina do Carmo concentrou suas atividades no Brasil, onde desenvolveu novas pesquisas relacionadas à dança e arqueologia, em estreita colaboração com a FUMDHAM (Fundação Museu do Homem Americano), no Parque Nacional Serra da Capivara-Piauí, sua terra natal, dando início ao projeto de arte educação, Pro-ARTE FUMDHAM, um programa de formação, criação e pesquisa, premiado, em 2002, Cidadão 21-ARTE, pelo Instituto Ayrton Senna.
Lina do Carmo: coreógrafa, dançarina mímica, pesquisadora. Aluna direta de Marcel Marceau. Autora do livro Corpo do Mundo. Possui Mestrado em dança pela Universidade Paris 8. PhD Artes Cênicas. Tese de Doutorado Arqueologia da Expressão, Universidade de Bourgogne FrancheComté – laboratório ELLIADD. Mais informações: www.linadocarmo.de
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