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Cronicando o Piauí: Tempos de labuta e riqueza

19 de setembro de 2018
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Um dia as finanças não andavam à contento lá por casa. O general Gaioso havia pedido as eleições. A mamãe vai gomar a calça para o papai ir para delegacia e o tecido, de tão fino, rasgou. Agora, só havia um terno azul-tubarão. Ele veste e, quando vai saindo à porta, chega um amigo dele que era dono de uma fazenda.
Estava com um problema na justiça. Conversou com o papai e disse-lhe que tinha que passar um tempo em Belém/PA, mas tinha que vender a fazenda com o gado, as criações e os cavalos… Porque o juiz estava, novamente, mexendo no processo dele.

O papai tentou dizê-lo, por várias vezes, que não estava em condições de comprar, mas não o deixar argumentar. Quando chegam lá, foram ao curral e ao aprisco, à pocilga… O gado a coisa mais linda. Gordo. Bem cuidado. Os bodes, as cabras, as overlhas e os carneiros todos animais de raça.

” – Sampaião, o compadre Jacó quer aquelas cinco vacas ali! O compadre Quincas Bastos quer essas dez aqui!”
Aí saiu mostrando os bezerros, os garrotes, as vacas, os novilhos e os touros que já estavam praticamente vendidos. O papai foi se animando.

“Mas, como tenho que sair de Teresina logo, logo. Ainda esta semana, não tenho como me desfazer do gado e de tudo mais, pois o tempo é curto. Curtíssimo! Você fica com todos os animais e me paga daqui a trinta dias. Vou deixar a conta e você deposita ou vai depositando! Como quiser!”

Fecharam o negócio. Porteira fechada. O papai já nem foi mais para o distrito. Mandou um recado pelo “Duzento”, que era um investigador, que trabalhavam juntos. Só ia lá no outro dia. A mamãe se assustou quando viu ele adentrar à porta sacando do corpo o paletó. “Que houve home!” Continuou tirar as peças de roupa”.

“Comprei o gado do compadre Juarez!”  Ela sentou de supetão, com o semblante pálido e suando frio, disse: “Tu ficou louco Antoim?”  Botou a calça da labuta com o cinturão por cima do cós. Arregaçou uma das pernas até a altura do joelho e grito para o meu irmão: “Chico, vá até a casa do Manel da Cachorra (era carroceiro, magarefe e vaqueiro) e diga pra ele vim aqui, trazendo as cordas, as facas e o machado, agora! Ligeiro! Vou cuspir no chão!”

Saíram o papai, o Manoel da Cachorra, o Chico, o Pinga-na-fulô (era agregado), o Zé William (era sobrinho que a mamãe criava) e o João Alberto (era sobrinho que mamãe criava), para matar umas cabeças de vaca para vender no outro dia no mercado Velho da Piçarra. Passaram a noite matando gado. De manhã, tinha carne para toda. Mandou logo salgar uma parte para levar para casa. À tarde, depois da feira, a sala da casa estava cheia de cofo com o dinheiro que os magarefes tinham pagado a carne.

Agora, estávamos ricos novamente!

Enquanto os meninos ficaram no mercado para receber o apurado, o papai foi vender o gado que já estava separado. Como o pessoal que havia separado, eram todos conhecido, amigo ou compadre dele. Ficou fácil. No outro dia, mas matança para fornecer carne aos magarefes. Assim, foram vários dias.

Quando ele chegava do plantão, juntava a turma e iam buscar cavalo, burro, jumento, bode, cabra, carneiro, ovelha, galinha, pato, capote, ovo… A mamãe mandava às irmãs, aos irmãos, às cunhadas, aos cunhados, às comadres, às vizinhas… Era muito pato, galinha, capote, pinto… Não tinha quem desse conta. Não havia geladeira nem freezer. Matou, comeu e o que sobrou salgou. Aí se estendia nas cordas a carne, o tossim… O óleo era feito do tossim de porco. Ficava aquele monte de garrafas cheias de gordura. O papai era fã de comer torresmo com café preto e estupidamente quente.

Pensava que o papai não tinha língua.

A casa ficou arrodeada de cangalha, de sela (eram as coisas mais lindas. Todas trabalhadas), de cabresto, de gibão (eram belíssimos. Pesados).

Quando terminou de quitar a dívida, ficou gado, ficou criação e os animais de montaria. Aí ele passou a vender os cavalos. Cada qual mais bonito do que o outro. Deu um burro, muito formoso, para o Manel da Cachorro botar na sua carroça. Deu cabresto. Deu sela. O da Cachorra era pau para toda obra. Era forte, bigodudo e sarará. Amarelado! Como ele não se separava da sua cadela Baleia, o papai resolveu dá-lhe esta alcunha(gosto mais de apelido).

Agora, que a casa estava com a despensa abastecida, caiu, novamente, na boemia com o Domingos Fonseca, Raimundão, Ênio Abreu, Porfírio Abreu e o Moreira.

A mamãe ia ao Centro da cidade para comprar as peças inteiras de tecidos para fazer roupa para galeria ir para os festejos de São Raimundo Nonato na Piçarra. Quase todos os comerciantes, pois eram poucos, do Centro, ou era amigo ou compadre do papai. Bela Aurora, Juçara, Pintos, Armazém Confiança e etc.

Era uma Teresina que está se apagando, aos poucos, dos olhos da minha memória. O apagamento da sua cidade para dar lugar ao progresso é, também, uma forma de morrer.

P.S. O causo é da década de 50. Ainda não havia nascido. O papai era que me contava e sorria.

Tags: Cronicando

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